Não esperem coerência e coesão em meus textos. As ideias aqui expressadas por mim, se dispõem de modo prolixo, com sentido e articulação que só eu percebo ninguém mais. contudo, não descarto a possibilidade de que, eventualmente, alguns de vocês possam concordar ou discordar delas. Afirmo, portanto, que este blog é uma tentativa minha de organizar e saber a quantas andam meu confuso pesamento, muitas vezes irônico e tantas outras cáustico.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Edgar Zúñiga Jiménez - Artista plástico.


Hoje o dia está lindo, ensolarado e sem aquele calor insuportável. Revendo essa série desse artista, percebo que quando estou desistindo da humanidade, vem a arte e me convence a dar mais uma chance. Fico estarrecida com a capacidade humana de produzir sentido e beleza às coisas. Nunca entendi muito bem a relação de Nietzsche com a arte, mas se for algo parecido com isso, acabei de entender, mesmo que tenha sido desenhado (sempre soube que meu cérebro é movido à manivela). Meu intelecto para os doutos é medíocre e para os ignorantes é louco, pendo mais para o não ser do que para o ser rsrsr. Estou ferrada mesmo, para as duas espécies sou um ser perjorativo (só psicanálise na veia para se tentar resolver essa existência rsrsrsrs).

Mas voltando à Arte, lembrei da Capela Sistina e da imagem de Deus e sua Criação: o Homem. Deus estende o dedo para tocar o homem, esse religare me leva a crer que as lentes que filtram o humano até mim é sem dúvida a Arte plástica, literária e todas as outras formas. É ela a intermediária, é ela que me traz a beleza quer divina ou profana. Essa série me remete a Atlas e aos totens. Mesmo sendo belo, o mundo as vezes nos impinge um peso quase insuportável, por outro, nos revela belezas mil. "Eita nóis", quer mais caos do que isso? rsrsrsrs.

Neste link podemos encontrar um pouco da biografia desse maravilhoso escultor da Costa Rica.


terça-feira, 23 de abril de 2013

Lançamento: Letras rebeldes, fluidos insensatos - Novaes


Ontem li um conto do livro de um amigo que foi lançado recentemente. Não farei aqui uma crítica sobre o livro, logo porque não o li por inteiro, apenas um conto, o que ja foi suficiente para eu concluir que fiz um excelente negócio. Dizem que negócios são negócios, amigos a parte. No caso específico da aquisição dessa obra, o ditado não se sustenta, pois negócio é negócio mesmo, mas o amigo faz parte. Mas por que cargas d'água estou a falar essa bobajada toda, o que quero dizer é que me deu imenso prazer ler os insensatos fluidos mentais de Novaes.

Um aspecto que adoro nos livros de poesia e contos é que não preciso começar pelo começo. No caso do livro do Novaes, começei pelo fim. O conto é "A Carta", muito interessante a forma como ele nos dispõe dentro da narrativa, num tempo real de leitura, com os mecanismos mentais e instrumentos reais (a transparência) que nos possibilita uma interação ativa, real e ao vivo.

A indeterminação da língua originária da carta faz com que possa ter sido escrita em qualquer lugar com a mesma problemática de governos ditatoriais ou falta de liberdade de expressão ou simplesmente a negação do nosso direito de ir e vir e opinar. 

O absurdo que toda essa circunstância causa no sujeito, foi bem traduzida (como sempre) na descrição do jornalista "Um sujeito vivido, algo amargurado, cético, como se sua alma tivesse sido talhada a golpes brutos de realidade". A imagem da realidade como um cinzel a talhar e esculpir o sujeito me impressionou pela precisão e pela comunhão entre imagem e letra. Aliás, esse parágrafo é de uma beleza estética de comparações incríveis. Um apelo sensorial externo e interno belíssimo (vou diminuir os adjetivos para não ficar entediante): sentimento e armas e ferimentos; vidas e fio; filetes de sangue em lágrimas; dores reais e filosóficas que penetram pelo físico e influencia o psicológico, mental e intelectual.

A imprecisão do diálogo entre John e o narrador é bacana, não se sabe onde nem quando ou em que momento da vida de ambos a história veio à tona. O sentido ideológico-político do contista (não no sentido partidário, mas no sentido de crítica, de indignação e denúncia) ficou muito bem pontuado. A luta travada pelo rebelde em detrimento de seu cárcere foi tão forte quanto uma arma na mão. A inventividade e criatividade do autor na mensagem codificada é muito, muito legal. Essa superposição de sentidos é porreta de boa meu caro amigo. Fiquei a imaginar se ele escreveu as duas cartas e depois mesclou as mensagens (mais uma interação leitor-autor e não leitor-personagem. Deu muito trabalho essa articulação entre o todo "ingênuo" da carta e o xeque-mate do rebelde com a transparência? Curiosíssima rsrsrsr).

Quanto ao personagem do jornalista, fica um alerta de que nem sempre devem divulgar algo sem que pese realmente as consequências do que se está publicando. Será que ele teve a "decência" de retificar, melhor, seria possível retificar o equívoco e restaurar a honra daquele rebelde? Isso me fez refletir que atualmente, não dá mais para acreditar na aparente imparcialidade da mídia. O que testemunhamos cotidianamente nos telejornais e nos jornais impressos é de uma parcialidade passional por parte dos jornalistas. Não são fiéis ao fato e sim ao que lhes convém.

O livro encontra-se a venda no site do Clube de Leitura Icaraí. No dia 05/07/2013, ele será debatido pelo grupo.


Eu havia dito ao Novaes que leria seus contos em doses homeopáticas porque sou extremamente prolixa. Às vezes me perco em mim mesma, que dirá na literatura, aí é que dificilmente consigo fazer síntese e me achar. Aliás, para mim, a literatura é só complexidade. Findo por aqui minhas impressões sobre este conto. Até mais ver.