Não esperem coerência e coesão em meus textos. As ideias aqui expressadas por mim, se dispõem de modo prolixo, com sentido e articulação que só eu percebo ninguém mais. contudo, não descarto a possibilidade de que, eventualmente, alguns de vocês possam concordar ou discordar delas. Afirmo, portanto, que este blog é uma tentativa minha de organizar e saber a quantas andam meu confuso pesamento, muitas vezes irônico e tantas outras cáustico.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Simples e o Complexo - o raso e o profundo

Hoje me lembrei que outro dia me perguntaram qual era o tipo de pessoa que eu apreciava. Na hora, não soube responder porque fiquei a pensar e repensar. Hoje o assunto voltou à baila em minha mente e posso garantir, que o tipo é indiferente, mas a qualidade do tipo é que me importa. Nunca me prendi a esteriótipos ou estética. Gosto do ser humano e de suas idiossincrasias. 


Mas fiquei a matutar mais um pouco e cheguei a seguinte redução "categorial": o tipo de vertente rasa ou profunda. O primeiro perfil, não é como se pode imaginar de imediato algo sem valor ou depreciativo, ao contrário. A criatura simples pode ser visitada em seus recônditos sem que escorreguemos perigosamente. É como um rio de águas límpidas, transparentes em que você só precisa inclinar o corpo um pouco em sua superfície e seja capaz de ver o interior. Talvez essas sejam dotadas de uma puerilidade que nos alivie as angústias existenciais ou acentue ainda mais (va lá se saber se elas para chegarem a tal estado não tenham passado pelos mesmos processos que nós, meros mortais). Não saberia dizer realmente se existem pessoas com esse grau de pureza (algumas pessoas me passaram pela mente ao pensar nesse tipo - Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá, São Francisco de Assis ou as crianças), bem, mas pelo visto, pensei em pessoas extraordinariamente extraordinárias. Portanto, nem de longe poderia suportar tal comparação com meu modo de ser, dado a minha imprudência e incompetência em viver. 


Por outro lado, o segundo perfil, já tem de cara um aviso na entrada de "máximo cuidado". É um pefil mais do que interessante, mais do que escorregadio, abissal, escuro, cheios de reentrâncias que nos levam a fendas que, talvez adentrando em uma delas, não seja mais possível o retorno. Pensei, poxa, então resta o meio termo. Pensei, pensei e finalmente concluo que cheguei a um patamar em minha vida que o caminho do meio não me interessa. Consequentemente, resta-me arriscar o que antes não fazia, pois vivia no caminho do meio, "Ou isto, ou aquilo" bem me faz lembrar Cecília Meireles. Escolhi uma via que me deixou estagnada, morta principalmente para mim. Talvez ainda surja uma outra alternativa como uma espécie de pequena fissão do simples numa parcela do complexo, uma pequena rachadura que me permitisse viver bem. Ou será que a fusão seria o mais adequado (será que é possível dois todos num todo consensualmente? 


Acho que já somos assim mesmo, só não nos damos conta dessa simbiose porque sempre estamos preocupados em nos classificar entre uma coisa ou outra.  

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Jornada Humana

Interssante pensar que um dos ramos da nossa jornada humana tenha advindo da ingenuidade, criatividade e coragem. (pensando nos aborígenes na Austrália) - TV Escola.


Percebe-se que a arte era um instrumento não só mítico, mas de conhecimento prático. 

 Há que se imaginar que muita água correu sobre esse vasto mundo até chegar onde estamos.


E ainda se fala em raça pura, preconceito de cor. Gente idiota. Não tenho paciência nem estômago pra isso.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Arte de Flanar - um modo de filosofia espúria?


Essa semana eu vi uma postagem de um antigo professor recomendando um texto sobre o Agamben e cujo blog é intitulado "Flanagens" - essa palavra me deixou curiosa, mas deixei para lá. Contudo, ao pegar uma revista e ler um artigo do professor da UFSC, Wellington Lima Amorim, "A arte de flanar" relembrei do blog e resolvi espiar com mais vagar. Então o que é Flanar? Segundo João do Rio, "Flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque [não elucidou e eu tão menos sei o que é basbaque] e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem", ou, ainda, "flanar é a distinção de perambular com inteligência".

O autor do texto da revista defende a ideia de que a filosofia brasileira esta contida nas obras de Joaquim Manoel de Macedo, Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio entre outros de nossa Literatura. Bem, mas o que flanar tem a ver com isso? O professor Wellington fala sobre um peregrino curioso e que "Será sempre nas ruas e nas estradas dos espaços urbanos que encontraremos esse tipo curioso: flaneur. Esse personagem é aquele que investiga, busca algo que está velado, escondido, é um viajante, um peregrino, um observador arguto ao qual a rua e a estrada são a sua morada". Bem, não conheço a obra dos outros autores, apenas um pouco a de Machado de Assis. Porém, fiquei com água na boca para conhecer os outros, principalmente o João do Rio, que há muito ouço falar com as melhores recomendações. Em seguida ele diz que "Esses autores fazem dos rejeitos da cidade matéria de reflexão, em companhia de detentos, prostitutas, catadores de lixo etc. São nesses espaços esquecidos que nossos pensadores refletiram sobre a condição humana".

Depois ele dá uma outra noção de flanar e flaneur que, em princípio, fico ressabiada em encaixar Machado de Assis. "A arte de flanar é a capacidade de observar o incomum é a habilidade de apreender tudo aquilo que se destaca da massa, que não é funcional, que está à margem de todo processo de modernização" e flaneur "é aquele que se recusa a se tornar um homem comum, um personagem anônimo na multidão", em seguida ele cita a definição de Nunes Bittencourt "Uma pessoa desprovida de instrução formal e de bens materiais, mas que é dotada de espírito avaliativo e sensibilidade cultural para apreciar aquilo que é belo ou sublime, se encontra longe da esfera vulgar da tipologia das massas, caracterizada justamente pela ausência de critérios seletivos em suas avaliações". Encontrei uma certa dificuldade em compreender e confesso que aqui eu me perdi um pouco, portanto, ainda vou amadurecer um pouco a ideia. Mas a mim parece que há algo muito consistente a ser pensado sobre isso. Ele conclui que A Filosofia no Brasil é marcada pela contingência, precariedade e pela presentidade. Esse último elemento, presentidade, é essencial para se entender o zeitgeist de uma determinada cultura. (...) o fazer filosófico no Brasil consiste em reflexões de nossa condição trágica e precária a partir de relatos do nosso cotidiano". Para ele, flaneur é alguém que exalta o tempo presente, vive uma vida sem objetivos". Foi precisamente nessa última frase que empaquei e não consegui articular a figura de Machado.

O artigo adentra mais em alguns outros conceitos, mas por hora, fico a ruminar apenas nessa concepção de filosofia e sua ontologia calcada em rejeitos. Estranho pensar que nossa filosofia nasça dessa forma. Estou a pensar nesse exato momento na palavra ESPÚRIA. Já emiti opinião de que se quisermos saber a quantas anda a humanidade, devemos fazer perguntas no submundo, de preferência às prostitutas. 


Será que poderiamos classificar a filosofia brasileira como Filosofia Espúria? Enfim, vou parar por agora antes que dê pane geral na cachola rsrsrs