Essa semana eu vi uma postagem de um antigo professor recomendando um texto sobre o Agamben e cujo blog é intitulado "Flanagens" - essa palavra me deixou curiosa, mas deixei para lá. Contudo, ao pegar uma revista e ler um artigo do professor da UFSC, Wellington Lima Amorim, "A arte de flanar" relembrei do blog e resolvi espiar com mais vagar. Então o que é Flanar? Segundo João do Rio, "Flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque [não elucidou e eu tão menos sei o que é basbaque] e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem", ou, ainda, "flanar é a distinção de perambular com inteligência".
O autor do texto da revista defende a ideia de que a filosofia brasileira esta contida nas obras de Joaquim Manoel de Macedo, Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio entre outros de nossa Literatura. Bem, mas o que flanar tem a ver com isso? O professor Wellington fala sobre um peregrino curioso e que "Será sempre nas ruas e nas estradas dos espaços urbanos que encontraremos esse tipo curioso: flaneur. Esse personagem é aquele que investiga, busca algo que está velado, escondido, é um viajante, um peregrino, um observador arguto ao qual a rua e a estrada são a sua morada". Bem, não conheço a obra dos outros autores, apenas um pouco a de Machado de Assis. Porém, fiquei com água na boca para conhecer os outros, principalmente o João do Rio, que há muito ouço falar com as melhores recomendações. Em seguida ele diz que "Esses autores fazem dos rejeitos da cidade matéria de reflexão, em companhia de detentos, prostitutas, catadores de lixo etc. São nesses espaços esquecidos que nossos pensadores refletiram sobre a condição humana".
Depois ele dá uma outra noção de flanar e flaneur que, em princípio, fico ressabiada em encaixar Machado de Assis. "A arte de flanar é a capacidade de observar o incomum é a habilidade de apreender tudo aquilo que se destaca da massa, que não é funcional, que está à margem de todo processo de modernização" e flaneur "é aquele que se recusa a se tornar um homem comum, um personagem anônimo na multidão", em seguida ele cita a definição de Nunes Bittencourt "Uma pessoa desprovida de instrução formal e de bens materiais, mas que é dotada de espírito avaliativo e sensibilidade cultural para apreciar aquilo que é belo ou sublime, se encontra longe da esfera vulgar da tipologia das massas, caracterizada justamente pela ausência de critérios seletivos em suas avaliações". Encontrei uma certa dificuldade em compreender e confesso que aqui eu me perdi um pouco, portanto, ainda vou amadurecer um pouco a ideia. Mas a mim parece que há algo muito consistente a ser pensado sobre isso. Ele conclui que A Filosofia no Brasil é marcada pela contingência, precariedade e pela presentidade. Esse último elemento, presentidade, é essencial para se entender o zeitgeist de uma determinada cultura. (...) o fazer filosófico no Brasil consiste em reflexões de nossa condição trágica e precária a partir de relatos do nosso cotidiano". Para ele, flaneur é alguém que exalta o tempo presente, vive uma vida sem objetivos". Foi precisamente nessa última frase que empaquei e não consegui articular a figura de Machado.
O artigo adentra mais em alguns outros conceitos, mas por hora, fico a ruminar apenas nessa concepção de filosofia e sua ontologia calcada em rejeitos. Estranho pensar que nossa filosofia nasça dessa forma. Estou a pensar nesse exato momento na palavra ESPÚRIA. Já emiti opinião de que se quisermos saber a quantas anda a humanidade, devemos fazer perguntas no submundo, de preferência às prostitutas.
O autor do texto da revista defende a ideia de que a filosofia brasileira esta contida nas obras de Joaquim Manoel de Macedo, Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio entre outros de nossa Literatura. Bem, mas o que flanar tem a ver com isso? O professor Wellington fala sobre um peregrino curioso e que "Será sempre nas ruas e nas estradas dos espaços urbanos que encontraremos esse tipo curioso: flaneur. Esse personagem é aquele que investiga, busca algo que está velado, escondido, é um viajante, um peregrino, um observador arguto ao qual a rua e a estrada são a sua morada". Bem, não conheço a obra dos outros autores, apenas um pouco a de Machado de Assis. Porém, fiquei com água na boca para conhecer os outros, principalmente o João do Rio, que há muito ouço falar com as melhores recomendações. Em seguida ele diz que "Esses autores fazem dos rejeitos da cidade matéria de reflexão, em companhia de detentos, prostitutas, catadores de lixo etc. São nesses espaços esquecidos que nossos pensadores refletiram sobre a condição humana".
Depois ele dá uma outra noção de flanar e flaneur que, em princípio, fico ressabiada em encaixar Machado de Assis. "A arte de flanar é a capacidade de observar o incomum é a habilidade de apreender tudo aquilo que se destaca da massa, que não é funcional, que está à margem de todo processo de modernização" e flaneur "é aquele que se recusa a se tornar um homem comum, um personagem anônimo na multidão", em seguida ele cita a definição de Nunes Bittencourt "Uma pessoa desprovida de instrução formal e de bens materiais, mas que é dotada de espírito avaliativo e sensibilidade cultural para apreciar aquilo que é belo ou sublime, se encontra longe da esfera vulgar da tipologia das massas, caracterizada justamente pela ausência de critérios seletivos em suas avaliações". Encontrei uma certa dificuldade em compreender e confesso que aqui eu me perdi um pouco, portanto, ainda vou amadurecer um pouco a ideia. Mas a mim parece que há algo muito consistente a ser pensado sobre isso. Ele conclui que A Filosofia no Brasil é marcada pela contingência, precariedade e pela presentidade. Esse último elemento, presentidade, é essencial para se entender o zeitgeist de uma determinada cultura. (...) o fazer filosófico no Brasil consiste em reflexões de nossa condição trágica e precária a partir de relatos do nosso cotidiano". Para ele, flaneur é alguém que exalta o tempo presente, vive uma vida sem objetivos". Foi precisamente nessa última frase que empaquei e não consegui articular a figura de Machado.
O artigo adentra mais em alguns outros conceitos, mas por hora, fico a ruminar apenas nessa concepção de filosofia e sua ontologia calcada em rejeitos. Estranho pensar que nossa filosofia nasça dessa forma. Estou a pensar nesse exato momento na palavra ESPÚRIA. Já emiti opinião de que se quisermos saber a quantas anda a humanidade, devemos fazer perguntas no submundo, de preferência às prostitutas.
Um ótimo texto, gostei demais
ResponderExcluirTenha está palavra flanar,
na minha reflexão pessoal
para mim, flanar é vagar entre as massas
virando a massa todo o cimento e cal do
pensamento conseguido nas ruas em cada pessoa
e nunca deixar escapar um minuto do passeio
é caminhar de mãos dadas com o íntimo juntamente
em conexão com o olhar.
Penso mais ou menos assim, na verdade flanar é meio confuso, mas no modo mais simples
resumindo
flanar é ouvir a literatura, a música
das ruas.
É, o assunto é um tanto espinhoso, pelo menos o da revista que estava lendo. Nem voltei ao texto ainda para não me confudir muito, meu cérebro funciona a manivela, portanto, preciso de um tempo para assimilar parte por parte.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirEstou no penúltimo período do curso Letras Português/Unimontes e acabei me deparando com seu blog. Pois flanar é um dos assuntos da qual trato na minha monografia rsrs... O foco do assunto é sobre o conceito e a representatividade da característica do dândi. João do Rio é o autor da obra fonte do meu estudo "A profissão de Jacques Pedreira". Você deve está pensando o que a característica do dândi tem haver com um flanar ou flaneur,né? Pois, então, são duas as características que andam juntas. João do Rio era mestre em ter um postura refinada, ser influente na sociedade e etc... Mas, João tbm adorava fica entre o povo para escrever suas crônicas. Enfim, o seu pensamento sobre um flaner está indo bem... Gostei do que disse. Flanar ou Flaneur serão assuntos longos que não terão fim rsrs... Costumo dizer que a característica do dândi, flanar ou flaneur é igual a Literatura. Nunca existirá um conceito definitivo, sempre teremos algo para acrescentar... Beijos...
Caro Ismalley, desculpe a demora em lhe responder. Obrigada por me dar esse retorno. Adoraria ler sua monografia, gostaria de ver como você trabalhou essa dualidade em João do Rio. Desde o dia em que escrevi esse post até hoje (14/04/17) quando o revi e reli, lá se foram 4 anos. Por coincidência, estou cá com um livro de crônicas do João do Rio "Dentro da noite", o primeiro que leio. E o peguei para ler por conta de ter escrito uma historieta de minhas aventuras inóspitas em um novo ambiente residencial. E a história é sobre o olhar entre grades de janelas de espaços urbanos exíguos, então lembrei que havia pego emprestado na biblioteca da escola onde leciono esse livro do João rsrsr. Hoje, relendo o post lembrei do Plínio Marcos que provavelmente seria o contraponto comportamental perfeito do João do Rio. Ele não paira sobre, ele se lambuza do próprio ambiente que descreve e que tem preferência ao do outro mais "limpinho" kkkkkkkkkk. Ahh, quem bom que não haja conceitos definitivos. As coisas definitivas são chatas demais para se levar em consideração ou seriedade. bjkas
ResponderExcluirerrata: havia pegado
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