Não esperem coerência e coesão em meus textos. As ideias aqui expressadas por mim, se dispõem de modo prolixo, com sentido e articulação que só eu percebo ninguém mais. contudo, não descarto a possibilidade de que, eventualmente, alguns de vocês possam concordar ou discordar delas. Afirmo, portanto, que este blog é uma tentativa minha de organizar e saber a quantas andam meu confuso pesamento, muitas vezes irônico e tantas outras cáustico.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Filme Ensaio sobre a Cegueira

Poxa, lamentei muito a perda do trabalho que fiz sobre o filme "Cegueira", por isso, registro por aqui minha impressão sobre ele. A memória é caótica porque faz muito tempo que assisti ao filme. Bem, o que mais me chamou a atenção foi a possibilidade que aquela população específica de cegos tinha a oportunidade de criar um mundo novo, partindo de novos pressupostos e, no entanto, reproduziram exatamente o mundo como conheciam, com suas mazelas, suas injustiças e violências impostas pelo poder da coerção por meio de arma. A situação da mulher continuou sendo a de um objeto manipulado ao bel prazer dos homens.

Pensando um pouco sobre o ponto de vista da Gerusa Souza com relação a traição do marido, relembrando a situação, percebo que a mulher já não era mulher, era mãe e a dele para ela, era de filho. Do ponto de vista ocidental quem tem atração sexual pela mãe é louco e incestuoso, mesmo a razão indicando que ele não era filho dela. No final do filme, ela deixa ele tentar fazer as coisas sozinhos e só entao, o relacionamento deles, volta a uma normalidade entre homem e mulher.

Agora, o que ainda não tive tempo de pensar foi o porquê de ela ser imune aquele virus. Ela é uma testemunha da possibilidade de mudança e o que vê é exatamente o que antes seus olhos viam. Enfim, é um aspecto que só assistindo o filme e lendo o livro e um pouco mais sobre o Saramago, eu consiga especular mais um pouquinho.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Cantinho especial dos versos dos amigos

Resolvi fazer esse post em homenagem aos poetas:
  
Carlos Brunno S. Barbosa (Note or not ser?),  
Naldo Velho (Asas que tenho por dentro),  
Janaína Cunha (Entrega, a essência de uma mulher),  
Rita Magnano (Travessia do verso) e  
Ilnéa País de Miranda (Eu menina toda prosa...), 

pois como sou lerda na leitura, resolvi ler os livros de todos eles ao mesmo tempo. Então, vou  postando alguns versos que mais gostei ao longo da leitura. 

Eis os primeiros da série:

Janaína Cunha

"Santa Loucura, mãe de todas as vontades e realizações, não permitais que eu esqueça as minhas raízes e muito menos de quem realmente sou" 
 (Prece à loucura, p. 13)

Janaína, eu ainda não descobri completamente quem sou, mas quem sabe um dia?


"Descobri que estar sozinha não é ser só e que a pior solidão é a que sentimos ao lado de alguém" e "Perdi o fôlego ao investigar o mundo imenso que me aguardava do lado de fora da minha casa." (Pés no chão, p.14). - Eis que você e tantos outros, hoje, fazem parte desse mundo que descobri fora dos limites de minha casa.

Ilnéa País de Miranda

"Meu corpo conheceu taboa antes dos meus olhos. Conheceu-a morta, trançada em esteira, fazendo vez de cama e de colchão". (Taboa - não é um poema, mas amei essa visão descrita pela poeta - p.23)

"Um ser mítico, encantado / Um só, cavalgando sonho." (Centauro, p.45)

Carlos Brunno S. Barbosa

"Se tudo me convém, por que não me convencem? / Se não me convencem, por que me convém?" 
(Note or not ser II - o que convém e o que não convence. p.6)


"Hoje eu vou te falar de amor
enquanto os pedestres atravessam
os carros,
enquanto as ruas atravessam as pessoas,
enquanto as pessoas atravessam
a faca,
enquanto a faca atravessa
a carne
cujo preço atravessa 
a condição econônica
da maioria da população;" (Não se fazem poesias de amor como antigamente, p. 7)

Rita Magnano

"Eu sou o que não sei..." (Cacos de mim, p.10)

"Como responder sobre mim
se desconheço-me ainda?" (Loucas palavras, p.11)

Naldo Velho

"Realidade é coisa sem graça,...
(...) Por isso sou poeta,
ando misturado às pessoas
e consigo viver aqui fora,
sem me perder do que tenho lá dentro" 
(Asas que tenho por dentro, p.9)


"(...) O milagre da palavra existência,
a importância da palavra sagrada,
a delicadeza da semente do trigo,
o segredo do ciclo das águas,
a verdade em cada trecho da jornada,
a imponderabilidade da palavra tempo,
o aprendizado em cada detalhe que eu vivo,
a eternidade dos caminhos que eu sigo." 
(A cada tempo um pouco mais, p.11).

Bem, espero que gostem dos fragmentos dos meus poetas-amigos. Até breve!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A não sabedoria de ser e de não se fazer Ser

Sabe aqueles dias em que voce chega a conclusão de que há alguma coisa errada no mundo e essa coisa errada é você? Você é a coisa inadequada a esse mundo. Não serve, não presta, sua matéria ainda é informe, nunca aprendeu a ser Ser. Tudo te revela essa inadequação, só você é que ainda insiste em tentar, mesmo tendo consciência disso.


Por que viver nesse mundo mental se é tão mais prático viver no real amorfamente? Que coisa patética! Espero que essa sensação "brascubiana" passe logo. Pois ao contrário de Brás Cubas que afirma ter saldo positivo do outro lado porque "— Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria". Encontro-me, eu cá, ainda deste lado da vida, mas já sabendo que do outro terei uma dívida a ser paga, pois leguei a meu filho a minha miséria existencial. Affe que isso é uma culpa tenebrosa.