Não esperem coerência e coesão em meus textos. As ideias aqui expressadas por mim, se dispõem de modo prolixo, com sentido e articulação que só eu percebo ninguém mais. contudo, não descarto a possibilidade de que, eventualmente, alguns de vocês possam concordar ou discordar delas. Afirmo, portanto, que este blog é uma tentativa minha de organizar e saber a quantas andam meu confuso pesamento, muitas vezes irônico e tantas outras cáustico.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

De São Gonçalo à Paris com escala em Niterói

Este relato ainda faz parte das comemorações de meu aniversário (23/07).

Combinei de almoçar com minha amiga no Plaza Shopping de Niterói no dia 20 de julho porque ela faz aniversário no dia 21, então, todos os anos nos encontramos e comemoramos juntas nossos aniversários (na verdade somos um grupo de três musquiteiras, mas a caçula está com uma filhinha linda e nem sempre pode estar junto conosco fisicamente). Mas antes do almoço eu tinha que fazer um exame em jejum. Após o exame, parto para uma lanchonete ou padaria para comer alguma coisa, pois já estava meio trêmula de fome (odeio ficar em jejum. Com certeza jamais serei uma freira). Nada me apeteceu nem na lanchonete nem na padaria (a flor do Rink não estava cheirosa). Parti para o Rei do Mate e pedi um capuccino grande, 4 pãezinhos de queijo e uma fatia de bolo de laranja. Depois de matar metade da fome, relaxei e peguei o livro de crônicas de Carlos Rosa Moreira, "A Montanha, o mar, a cidade" que havia comprado no dia 18/07 (mais um presente que me dei - eu me adoro mais ainda nesse mês e faço quase todas as minha vontades). Comecei a lê-lo e ia bebericando o café enquanto esperava minha amiga chegar. Entre uma página e outra, observava os transeuntes (como é de meu costume), meu humor melhorou consideravelmente. Quando escrevi este relato, eu disse que sabia o porquê de eu ter ficado azeda e que isso não vinha ao caso, pois era mais aconselhável mandar a situação para os confins da Conchinchina de meu inconsciente, já que não podia mandar para os confins da ponte que partiu (deu certo, pois já nem lembro o que havia me deixado chateada. Estou aprendendo a reter por pouco tempo dores e chateações - lição difícil, mas necessária).


Voltando. Comecei a ler a primeira crônica do Carlos intitulada "Em Paris" e foi muito engraçado para eu fazer comparação entre a crônica dele e a minha insignificância matinal em Niterói. Uma comparação histriônica. O cronista começa por descrever o ambiente de Paris com tanta leveza que quase senti a brisa da manhã me tocar. Tem algumas escritas que comparo ao movimento da fita daquelas ginastas olímpicas, giram sobre si mesma, fazem piruetas suaves e elegantes, mas não deixam de ser precisas e encantadoras. Gosto da fluidez da escrita desse escritor niteroiense. Fique a pensar que enquanto ele degustava Paris, eu me aventurava a perceber o ambiente a minha volta em Niterói, assim como ele havia feito no livro.

Rue Pot de Fer 
Havia um grupo de quatro moças muito animadas, principalmente porque uma criança de aproximadamente 1 aninho chamada Igor começou a chorar porque queria ficar na mesa das garotas e não com os pais. Enfim, Igor se livrou dos pais e foi fazer gracinhas com as meninas que adoraram ficar com ele. Foi tão bom observar isso que ampliei mais ainda meu campo de visão. Então terminei de ler e comecei a rascunhar esse relato e ria, um riso tão sincero que me enterneci por mim mesma. Senti prazer de escrever pela primeira vez. Foi também pela primeira vez que me diverti fazendo isso. A escrita para mim sempre foi angustiante, mas nesse dia foi como um sopro e você fecha os olhos para intensificar ainda mais a sensação de bem estar.

Tantas vidas que passavam diante de meus olhos sem se dar conta de que eram objetos de meu exame. Não se davam conta de que eram observadas por alguém e, que, de algum modo, estão fazendo parte de minha vida naquele exato momento em que meus olhos os acompanhavam até perde-los de vista. A vida é tão pujante, por que a gente as vezes a desperdiça? Perdemos tempo demais em desertos interiores e em lamúrias inúteis.

Por fim, levantei, fui ao encontro de minha amiga e passamos horas muito agradáveis.

Termino aqui com semblante sorridente e satisfeita por lembrar daquelas horas prazeirosas. Que tenhamos um Bom dia! Até breve.

domingo, 4 de agosto de 2013

Íon de Platão - O poeta existe?



Terminada a primeira leitura de Íon de Platão, pululam ideias e noções filosóficas semelhante à pipocas estourando dentro da panela. O rapsodo exposto como ridículo pela eurística platônica, me faz indagar sobre a ruptura entre a concepção mítico-poética como algo divino e menor, ao passo que a técnica é algo maior. A arte do rapsodo não aponta para uma técnica, portanto, pode ser tudo, menos algo que possa ser descrito ou levado a sério. 

A poesia como tal não é tratada se não há uma técnica sobre ela. O rapsodo não é poeta. Exerce apenas a função de meio de manifestação divina e não de criação. Mesmo que Homero seja tratado como poeta que cria, interpretei do diálogo que, mesmo ele [Homero], também não o é, já que este seria induzido pelos deuses, numa segunda camada vem o rapsodo que de igual modo, mas que em segunda via, é perpassado pelo divino numa sucessão advinda por Homero. Eis o excerto que martela os pobres tico e teco:

"Pois coisa leve é o poeta, e alada e sacra, e incapaz de fazer poemas antes que se tenha tornado entusiasmado e ficado fora de seu juízo e o senso não esteja mais nele. Enquanto mantiver esse bem, o senso, todo homem é incapaz de fazer poemas e de cantar oráculos. Mas como não é em virtude de uma técnica que fazem poemas e dizem muitas e belas coisas acerca desses assuntos, como tu acerca de Homero, mas em virtude de uma concessão divina, cada um é capaz de fazer apenas isto a que a Musa o inspira...."

No último parágrafo, penso eu que, Sócrates termina por ressaltar que o ser divino talvez seja divino não somente pelos deuses, mas também porque nós (os espectadores) assim os classificamos como tal, quer os deuses quer os poetas e rapsodos. Enfim, como sempre, os diálogos de Platão nos põe mais minhocas na cabeça do que certezas. Vixe mãe do céu.