Uma data memorável para mim. Acreditem, nunca irei me esquecer. Com toda certeza ficou gravada em minha memória e na minha pequena alma (minha amiga Teresinha que o diga).
É muito legal quando conhecemos pessoalmente alguns entusiastas das artes que antes viviam apenas na virtualidade das redes sociais. O Carlos Brunno comentou a respeito do evento ser humilde. Nunca me incomodei com isso, como falei para ele, nasci e vivo desprovida de pompas e circunstâncias. A simplicidade do Sarau em nada desmerece a riqueza que fui em busca e encontrei: versos salpicados de almas. Pedaços de sentimentos que saboreei. Além das músicas e intépretes que deram todo o encanto para a ocasião.
Jaqueline e eu - Valença - 17/11/12 |
Antes de começar a festa, eu e a Jaqueline coversavamos sobre o modo como o Sarau faz com que pessoas comuns se sintam a vontade para expressar seus sentimentos sem receios. Ia me esquecendo de mencionar o
companheirismo entre vocês. Cito um exemplo: a karina que veio mostrar o
poema dela, tão empolgada para você dar sua apreciação. Sei que o artista tem sim sua
dose
cavalar de ego, mas acredito que pode-se conviver egoicamente não é?
Achei superdemais essa aproximação sem mestre e sem discípulo, apenas
pessoas trocando expressões e visões de mundo entre si. É claro que tudo isso regado ao bom e velho de nervosismo, afinal de contas, não estamos acostumados a refletores. O que lá se mostrou não foi encenação, mas algo que todos temos dentro de nós e que sempre pede para se mostrar. Esse algo é sempre saliente, ele é que gosta de se mostrar. É quase uma criança que quer chamar a atenção dos que estão a sua volta. E por que não? Acho que deu certo.
Respiramos os ares de Bram Stocker, Cruz e Souza e Led Zeppelin.Cada um dos partícipes, em seu estilo, explorou o terror. A Jaqueline com sua delicada e sensual poesia, cujo eu lírico foi seduzida e sua "Essência Roubada" por um vampiro (http://deliciosailusao.blogspot.com.br/2012/11/essencia-roubada.html#comment-form). O comediante Ronaldo Brechane a indagar-se sobre como seria o laboratório que a Bruna surfistinha queria que a Débora Secco tivesse feito com ela. Intessante pensar nessa possibilidade, afinal de contas a moça tinha uma vida bem agitada entre blog, cama ou qualquer outro lugar apropriado ou não para sua atuação profissional. O Habib a instigar a fantasia feminina ao eleger os vampiros como ótimos amantes, desse jeito vou até querer ser mordida por um deles rsrsr. A Cíbila Farani declamando "as estrelas" de Cruz e Souza, "Tempestade", de sua autoria e desejando uma nova realidade pelo rock tão sonhado, assim como cantando lindamente "meu doce vampiro" da Rita Lee. Aliás, as parcerias musicais são muito boas. O Zé Ricardo e o Fael, se não me engano, fazem parte do Vibração, cujo slogan é de uma criatividade imensa, o que já prenuncia um prazer para sermos felizes, assim como a vontade de fazer o melhor sempre. O Fael cantando e acompanhado pelo Zé bateram um bolão. Ops, desculpe, cantaram e tocaram um bolão rsrsr. A gaita e seus acordes a chorar em nossos ouvidos. Escutar que "Eu não preciso de auréola, nem de religião porque eu tenho a inspiração, não é bão pra lá de metro sô.
Alguns versos esparsos que costumo pegar no ar e anoto em meu caderninho de sempre: "te entrego meu corpo por ti despido", parece um presente desembrulhado com ânsia e prazer contemplativo o que não elimina uma intensão mais do que ativa. Alías, tinha um rapaz com um cadernão que eu adorei. O caderno parecia uma parte dele, um membro não de seu corpo, mas de seu eu. Definitivamente não era um caderno comum, era um livro de vida. O Alexandre a anunciar que a porta do paraíso a estrada leva.
Ainda falando de vampiros, outro verso avulso fala de sugadores de almas e sonhos. Um contraponto com a sedutora figura de Jaqueline e Habib. E continuando noite a dentro, versos brilhantes e enluarados que protegem. Gilson Gabriel com versos que talvez contradigam Parmênides que, segundo ele, o não-ser não é de modo algum. Mas quando Gilson diz que "Você carrega o tudo e o nada... o ser e o não-ser", parece que esse não-ser é de algum modo algo, acho que o Górgias concordaria com o poeta valenciano. Patrícia com uma permanencia quer de dia quer de noite, eis que permanece. Juliana Maia (agora não me lembro se é a Guida) fazendo um pedido a noite. Uma reminiscência socrática me bate de repente com cicuta e licores divinos que me lembram o néctar dos deuses, muito embora até mesmo a cicuta possa ser um instrumento de ligação entre o condenado que aspira ver os deuses ou Deus (não sei, deixo a critério da crença de cada um). Ou ainda uma fusão de morte prazerosa entre um beijo de cicuta (sabe-se lá, o amor as vezes mata de prazer ou não).
Ressalto a participação sempre contagiante do Carlos Brunno. Não posso me esquecer da Dona Isabel, mãe de Juliana Guida Maia, com seus haicais belíssimos e que podem ser lidos na íntegra no blog Diários de Solidões Coletivas (http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2012/11/solidoes-orientais-compartilhadas-os.html). Agora já não posso dizer com certeza quem é a autora de "Noite Mórbida", acho que é a Karina. A primeira estrofe fez minha imaginação me transportar para "onde epitáfios, são presos por magia, e guardados por fantasmas da solidão", não tem um quê de aventura cinematográfica e mágica? Olha que eu não assisto filmes de terror, morro de medo, tenho pesadelos e tudo rsrsr (é sou mulherzinha mesmo rsrsrs, não tenho vergonha de admitir). O link para esse poema é: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2012/11/solidoes-macabras-tres-noite-morbida-de.html. A Raquel com agudeza do olhar quer "analisar seus sentimentos... quanto suportar", caramba é isso que chamo de imaginação. Cheguei a querer colocar a tristeza, a alegria no microscópio e ver de que são feitos esses e tantos outros sentimentos. A Juliana Guida com o poema danado de bão da Clarice Raquel "Cartas ao Don Juan: você é apenas um 'apenas'" é de lavar a alma de muitas de nós no quesito vingança contra porcos chauvinistas. Há tantos meros "apenas" neste mundão de Deus. Ainda no mesmo clima, ela declamou o poema de sua autoria premiado e intitulado "O
Ruído do Fim" e me sai com um verso lindo "barulho inaudível da sua
ausência" e que foi publicado no Jornal Valença em Questão. Por falar nisso, adorei o quadrinho de Panta. Profundamente filosófico Tantos outros participantes que eu infelizmente não consigo atinar obra e autor e, para não cometer mais gafes do que normalmente cometo, peço que me perdoem por não citar todos.
Por último, falo um pouco de minha participação. O poema que li não é meu, é de Fernando Alves Carneiro "O homem e o Cão" que exalta a fidelidade canina. O conto que li foi do Carlos Brunno do livro "Diários de Solidão: quando a ausência faz companhia". Adorei esse conto "Amor é fogo que arde sem se ver (http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2012/11/contos-mortais-de-solidao-amor-e-fogo.html)" porque toca num ponto nevralgico da solidão que mata. Tantas solidões, inclusive a dos saraus proposto por este autor que é pra lá de benéfica. Muito triste passar uma vida inteira sem sentir o calor do abraço de amante, dos beijos e dos afagos que alimentam a alma humana. Quão triste é a morte do eu lírico que só viveu, no exato momento da morte e, quando finalmente se sente abraçado pelo fogo, deita-se em sua companhia agradecido por experienciar sua quentura, face a ausência de uma relação verdadeiramente humana. Dois terrores tenebrosos: a suspeita da não fidelidade (isso não se restringe apenas ao âmbito da relação amorosa) e da solidão.
Bem é isso que fui capaz de lembrar. A todos agradeço a companhia de uma noite muito especial para mim. É só. Abraços e um até breve.
Helene, como é bom quando podemos materializar a amizade, pois só nos conhecíamos virtualmente e agora, estamos mais ligadas pelo calor humano que sentimos ao nos conhecermos face a face. Sou sua fã de carteirinha, de tudo o que foi apresentado no Sarau, você conseguiu capturar a essência de cada um, utilizando seu caderninho. E olha que ainda ficou conversando comigo e ouvindo minhas lorotas...rs
ResponderExcluirSempre que puder e quiser venha, prometo que vou aprender a dirigir para levá-la aos locais lindos da cidade, cruzeizo, balneários e inclusive minha casa, que não é linda, mas é aconchegante.
Bjoks
Combinado. Mas tive um dose homeopática de turista em valença. Já estou escrevendo minha meia aventura em valença rsrsr. Adorei conhecer voce, a Raquel, a Patrícia e todos os outros. bjkas
ExcluirDose homeopática?
ExcluirSó você mesmo, Helene.
Bjoks
Oi Helene
ResponderExcluirAdorei seu post, eu vim através do blog da nossa amiga Jaque, ela é uma simpatia de pessoa. Tenho um filho de doze anos que já é um músico, ele toca flauta transversal e toca sempre em um sarau que é promovido em um espaço aqui na nossa cidade, é muito legal! Tem pessoas que recitam poesias também. Me achei em casa no seu post kkkkk.
Bjos. Fique com Deus!
http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br/
Oi Luciana, que maravilha que seu filho é dotado do dom da música. A arte tem esse poder particular de deixar todos a vontade onde ela se encontra. Obrigada pela visita. bjs.
ExcluirNeide, amei!!! Você me deixou com água na boca de ir à este sarau, com inveja por não ter ido e com raiva deste pé não estar bom ainda para eu ir... Este é o tipo de evento que me dá vontade de sair de casa e que alimenta a alma e o coração por muitos e muitos dias... Lembra de Petrópolis? Ah, meu Deus!!! Só senti falta de uma coisa: o dia do mês e o horário em que ele acontece. Senão, como vou me programar futuramente?kkkkkkkkk Tenho certeza que muitas pessoas que lerem seu post, vão se sentir exatamente como eu! Bjos!!!!
ResponderExcluirTeresinha, que bom que gostou. O Sarau acontece todo 3º sábado do mes, as 19h (se não for isso me corrijam por favor). Quem sabe quando seu pé melhorar não possamos ir assistir o sarau em Valença.
ExcluirQuerida Helene, fiquei muito honrado com seu elogio sobre a minha tirinha no VQ46.
ResponderExcluirMuito obrigado.
Panta
Panta, o livre arbítrio é um assunto muito instigante. Você pôs em evidência, para mim, que nossas verdades são parciais, pois nos esquecemos que sempre são filtradas ou direcionadas e, que de verdade, nunca temos consciência do todo. Além disso, ainda me fez pensar sobre nossa existência ser dimensionada em relação a Deus como algo insignificante, desse modo, nossas atitudes não teriam a menor importancia, pecar nesse sentido, seria a regra permitida e não uma exceção.
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