Não esperem coerência e coesão em meus textos. As ideias aqui expressadas por mim, se dispõem de modo prolixo, com sentido e articulação que só eu percebo ninguém mais. contudo, não descarto a possibilidade de que, eventualmente, alguns de vocês possam concordar ou discordar delas. Afirmo, portanto, que este blog é uma tentativa minha de organizar e saber a quantas andam meu confuso pesamento, muitas vezes irônico e tantas outras cáustico.

domingo, 25 de novembro de 2012

Pequeno Bordejo em Valença

Por duas vezes já ouvi um amigo reclamar a respeito da concepção do que seja um Sarau. No dicionário Priberam online encontrei a seguinte definição: "Festa noturna em que há dança, música, canto, etc." e no Aurélio "S.m. 1. Festa noturna, em casa particular, clube ou teatro. 2. Concerto musical noturno".

Bem, pode-se perguntar o porquê de eu estar começando um post turístico com definição de Sarau. Acompanhe-me! Estive em Valença para assistir um evento em que foi apresentado entretenimento, música e poesia. Portanto, dentro da acepção de Sarau. Bem, agora o que trago à baila é que para muitos, o Sarau tem de ser realizado nos moldes do século XIX, ou seja, com música "certa" (que eu não sei qual poderia ser, a clássica, chorinho, MPB?????). Caramba, não desprezo o passado, mas por que tenho de vivenciar meu tempo com os dois pés num tempo impossível de resgatar? Por que esse purismo fajuto ou por que manter esse evento cultural eletizado como era antigamente e que servia para agradar o convidado da casa? Pensando em tudo isso, me passou pela ideia que sendo Conservatória a cidade das serestas, por que Valença não poderia ser a cidade dos saraus? Saraus de todos os estilos, já que na definição não se especifica que tipo de música, dança ou literatura deveria fazer parte dele.


Bem, voltemos ao meu bordejo valenciano. O dia nasceu belíssimo e eu, no dia anterior, já havia procurado ver se perto do hotel onde fiquei hospedada havia lugares que eu pudesse visitar no outro dia. Não poderia deixar de dizer que fui muito bem tratada pelos funcionários do Rio Hotel e meu agradecimento pelo carinho a mim dispensado. Um hotel simples, mas que tem o necessário para se descansar, afinal de contas, as vezes é melhor uma boa acolhida do que muitas estrelas.

Como estava dizendo, vi uma placa indicando um museu, a Capela Nossa Senhora das Mercês e a Cadeia (essa eu dispensei a visita rsrsr). Tomei o rumo que a placa indicava e cheguei a capela.


Toda feliz, saquei a máquina que minha amiga havia me emprestado e qual não foi minha desilusão, ela não funcionava nem a pau, olhei desolada para a capela em estilo neogótico, construída em 1943, tão linda, cheia de detalhes nos portais, os pináculos, os vitrais e eu não podia registrar nada. Lembrei então do celular, mas quando fui tirar a foto, surgiu a mensagem "em espera", pqp isso me deixou pra lá de irritada. Eu quase tive um ataque de pelanca. Não estava conformada, comecei a voltar, então bateu uma ideia na cachola. Desmontei o meu jurássico celular e montei outra vez, deu certo. Toda contente fui tirar a foto. Até coloquei a mão para dentro das grades. Acho que não deveria ter feito isso. Mas fiz.


Até então, só tinha visto os garis na rua, que já estavam me olhando de esgelha achando estranho eu estar na frente da capela tentando a todo custo fazer a bendita máquina funcionar. Em seguida apareceu do nada um carro de polícia e fiquei a imaginar se os moradores haviam chamado a polícia, olharam para mim e acho que não viram ameaça nenhuma e passaram sem me revistar ou me interrogar (graças a Deus!). Mas de um interrogatório não escapei. Poucos minutos depois chegou uma senhora que mora do outro lado da rua, em frente à capela e, eu "proseei" um pouco. Ela me informou que a capela não é aberta à visitação, mas que as 6h ou 7h  toca a Ave Maria. O lugar é super bonito. Diponibilizo o link onde pode-se encontrar informção sobre a construção e sua história (http://valenca.rj.gov.br/turismo/atrativos-turisticos/). Enfim, achei prudente sair de fininho e procurar o próximo local de visitação.


Tinha visto uma torre grande de uma igreja e lá fui eu atrás de mais turismo. Cheguei à Igreja Nossa Senhora da Glória ou Catedral de Nossa Senhora da Glória que teve sua fundação entre os anos 1789 e 1803, juntamente com a própria origem da cidade. O que era mais do que comum na época, uma cidade nascia a partir da Igreja. Em 2004 foi concluída a reforma. Está belíssima. Eis o link para conhecerem a história da Catedral: http://www.catedraldevalenca.org.br/


Cheguei no finalzinho da missa. Tantas crianças com seus pais. Sei o quanto as vezes a religião é um subterfúgio para muitas pessoas esconderem suas pulsões. Mas é muito bonito ver as crianças de mãos dadas com seus pais numa manhã de domingo. Tão serelepes, quão bom seria que o que muitos representam frente à comunidade se estendesse à vida real.


Mas sei que é ilusão. A vida não é esse oásis divino. Aliás, acho que a vida só é divina quando passamos pelas tormentas e conquistamos o idílio, a calmaria tão almejada.


As fotos não são uma brastemp, mas dá para ver o quanto a restauração foi criteriosa e bem feita. As portas da Cripta são um primor. Infelizmente não sei quem foi o artista, mas são belíssimas. As escadarias em madeira que levam ao Museu são outra obra de arte. Isso sem falar no órgão que tive o prazer de ouvir acompanhando a bela voz de uma mocinha que cantava.


Não posso deixar de agradecer a querida Senhora Maria das Dores que não é guia, mas se prontificou, mesmo apesar de idade, a subir toda a escadaria e abrir o Museu para que eu conhecessee. Toda orgulhosa daquele pedaço de chão que é parte dela também. Agradabilíssima senhorinha me falou de todos os padres que ela conheceu ao longo de sua vida de paroquiana naquela igreja. E convida a todos para participar da festa do Jubileu de 200 anos da Paróquia em 15 de agoste de 2013.

Ao sairmos da igreja, nos defrontamos com um bela praça que nos faz recordar tempos passados. O cheiro das igrejas católicas tem essa característica de cheiros idos mesclados com a atualidade. Ve-se também uma belíssima construção que abriga a Escola Estadual Benjamim Guimarães.


Já na rodoviária, fiquei a observar as palmeiras, sinal de nobreza, em frente a praça e do outro lado o Hotel Valenciano, cuja fachada é um primor de arquitetura com ar europeu. Vi-me de sombrinha passeando naquela praça e indo me hospedar no hotel. Na próxima vez que eu for, lá estarei rsrs, acho que até de sombrinha se possível. Vamos fazer um sarau à caráter na praça uma vez por ano?



Enfim, foi um prazer ir a Valença e conhecer um pouco de sua história e mais ainda, amigos que só conhecia por facebook. Quem puder, não perca essa oportunidade. Uma pena que não pude ver a luz incidindo através dos vitrais da Capela Nossa Senhora das Mercês.
  

Um comentário:

  1. Amei, Neide!!! Voc~E realmente escreve e sabe escrever e descrever muito bem.Como já disse outra vez, você sabe "deixar a gente com água a boca"!!! Também quero passear de sombrinha com você, hospedarmo-nos no hotel, com nossas roupas elegantes e borzeguins!!!rsrsrsrsrsrs Fiquei encantada com as fotos, de modo particular o órgão...(Quantos teclados será que tem?). Já faz parte do meu caderninho de futuros visitas!

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