Música maravilhosa! Toda vez que a ouça, minhas vísceras se contorcem querendo ter nascido carcará também. Tantos a cantaram, mas os intérpretes que mais gosto são o Chico Buarque e João do Vale e Maria Bethânia, 1965. O número fez parte do espetáculo "Opinião".
Mas o que é Carcará? Segundo dicionários, o nome é uma variante etimológica da palavra tupi “karaka’rá”. Os ornintólogos classificam como uma ave de rapina da família dos falconídeos. Contudo, toda essa explicação acadêmica, nada fala dessa ave que é um símbolo, mais que representativo da região nordestina. É uma ave reincidiva, obstinada a viver. Tem garras, bico, força, perspicácia e uma vontade férrea para manter-se viva.
No post anterior, escrevi algo para um amigo, imbuida talvez por uma associação livre do meu consciente que captou, por instantes, o que meu inconsciente deixou escapar, toda vez que ouço algumas palavras e frases que me remetem ao que eu chamo de meu barro original, O NORDESTE. Árido, seco, mas por Deus, nunca entendi o porquê da potência que essa região exerce sobre seus filhos.
O que escrevi para meu amigo foi uma resposta a algumas palavras e frases de seu poema “Louco Querer”, cuja temática é amorosa e não regional. Mas tocou em meu íntimo e manifestei-me desse modo:
“Deu-me saudade do meu torrão natal, tão seco e tão árido. Respirei por longo tempo no lodo dos leitos dos rios intermitentes, assim como os peixes, para estar aqui, a frente do laptop a ler tão belas coisas que me levam de volta ao veio que me nutriu durante 13 anos. Ainda sinto nas veias aquele vigor de viver, viver profundamente. Obrigada, meu rosto está salgado”.
Talvez seja um chamado materno, que chora a ausência de seu filhos, pois aqueles que de suas entranhas vieram ao mundo, tem uma necessidade de voltar sempre, sempre e sempre. É uma fonte inesgotável e só ela consegue matar nossa sede. Mas por pura questão de sobrevivência e eternidade, saimos à revelia do berço e do regaço de seus braços, que protege até onde pode, mas depois, não consegue nos defender das intempéries cíclicas de sua própria natureza.
Talvez essa força advenha das vidas que sucumbiram e alimentam aquele solo. Ele está encharcado de nossos antepassados que, querendo resistir como o carcará, não perceberam que nossa natureza humana, tem nesgas racionais que nos impedem de “pegaR, mataR e comeR!”, pois isso não seria um ato isolado, mas o cotidiano, a via de regra.
Contudo, esse é um mantra gravado em nosso DNA. Respondemos a ele toda vez que necessitamos sobreviver, nos defender. Há um quê de irracional em todo ser humano, não somos os únicos, é verdade, Mas a natureza nordestina é forte, resistente. Para nos derrubar, é preciso ser mais forte, muito mais forte. Assimilamos muito rapidamente o que não podemos vencer, desse modo, é como se nos vacinássemos, e contivessemos dentro de nós, um antídoto para esse perigo latente e iminente de nossa aniquilação. Antes tê-lo junto do que longe. Numa simbiose que cura e mata simultaneamente.
http://www.youtube.com/watch?v=NZbxncygOPQ - Maria Bethânia
http://www.youtube.com/watch?v=4L0DInKUnzc - Chico Buarque e João do Vale
Mas o que é Carcará? Segundo dicionários, o nome é uma variante etimológica da palavra tupi “karaka’rá”. Os ornintólogos classificam como uma ave de rapina da família dos falconídeos. Contudo, toda essa explicação acadêmica, nada fala dessa ave que é um símbolo, mais que representativo da região nordestina. É uma ave reincidiva, obstinada a viver. Tem garras, bico, força, perspicácia e uma vontade férrea para manter-se viva.
No post anterior, escrevi algo para um amigo, imbuida talvez por uma associação livre do meu consciente que captou, por instantes, o que meu inconsciente deixou escapar, toda vez que ouço algumas palavras e frases que me remetem ao que eu chamo de meu barro original, O NORDESTE. Árido, seco, mas por Deus, nunca entendi o porquê da potência que essa região exerce sobre seus filhos.
O que escrevi para meu amigo foi uma resposta a algumas palavras e frases de seu poema “Louco Querer”, cuja temática é amorosa e não regional. Mas tocou em meu íntimo e manifestei-me desse modo:
“Deu-me saudade do meu torrão natal, tão seco e tão árido. Respirei por longo tempo no lodo dos leitos dos rios intermitentes, assim como os peixes, para estar aqui, a frente do laptop a ler tão belas coisas que me levam de volta ao veio que me nutriu durante 13 anos. Ainda sinto nas veias aquele vigor de viver, viver profundamente. Obrigada, meu rosto está salgado”.
Talvez seja um chamado materno, que chora a ausência de seu filhos, pois aqueles que de suas entranhas vieram ao mundo, tem uma necessidade de voltar sempre, sempre e sempre. É uma fonte inesgotável e só ela consegue matar nossa sede. Mas por pura questão de sobrevivência e eternidade, saimos à revelia do berço e do regaço de seus braços, que protege até onde pode, mas depois, não consegue nos defender das intempéries cíclicas de sua própria natureza.
Talvez essa força advenha das vidas que sucumbiram e alimentam aquele solo. Ele está encharcado de nossos antepassados que, querendo resistir como o carcará, não perceberam que nossa natureza humana, tem nesgas racionais que nos impedem de “pegaR, mataR e comeR!”, pois isso não seria um ato isolado, mas o cotidiano, a via de regra.
Contudo, esse é um mantra gravado em nosso DNA. Respondemos a ele toda vez que necessitamos sobreviver, nos defender. Há um quê de irracional em todo ser humano, não somos os únicos, é verdade, Mas a natureza nordestina é forte, resistente. Para nos derrubar, é preciso ser mais forte, muito mais forte. Assimilamos muito rapidamente o que não podemos vencer, desse modo, é como se nos vacinássemos, e contivessemos dentro de nós, um antídoto para esse perigo latente e iminente de nossa aniquilação. Antes tê-lo junto do que longe. Numa simbiose que cura e mata simultaneamente.
http://www.youtube.com/watch?v=NZbxncygOPQ - Maria Bethânia
http://www.youtube.com/watch?v=4L0DInKUnzc - Chico Buarque e João do Vale
Carcará!
Lá no sertão...
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará....
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando
Carcará...
Vai fazer sua caçada
Carcará...
Come inté cobra queimada
Mas quando chega o tempo da invernada
No sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!
Num vai morrer de fome
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa no bico inté matá
Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!
Num vai morrer de fome
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!
"Em 1950 mais de dois milhões de nordestinos viviam fora dos seus estados natais. 10% da população do Ceará emigrou. 13% do Piauí! 15% da Bahia!! 17% de Alagoas!!!"
(Carcará...)
Pega, mata e come
Carcará!
Num vai morrer de fome
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!
Pega, mata e come!!!
Gostei muito do mundo mental de maria.
ResponderExcluirGostaria de poder conversar contigo acho que pode me ajudar em um manuscrito que estou fazendo sobre minhas memorias.
Meu nome é Jorge Augusto, sou de SP e meu e-mail é diretoria@adelfatransportes.com.br ou adelfatransportes@gmail.com
Aguardo seu contato.
Sucesso.