Não esperem coerência e coesão em meus textos. As ideias aqui expressadas por mim, se dispõem de modo prolixo, com sentido e articulação que só eu percebo ninguém mais. contudo, não descarto a possibilidade de que, eventualmente, alguns de vocês possam concordar ou discordar delas. Afirmo, portanto, que este blog é uma tentativa minha de organizar e saber a quantas andam meu confuso pesamento, muitas vezes irônico e tantas outras cáustico.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Filme "A Pele que Habito"

Filme de Pedro Almodóvar, em exibição. Estrelado por Antonio Banderas, Elena anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet, entre outros.


Sinopse

Roberto Ledgard (Antonio Banderas) é um conceituado cirurgião plástico, que vive com a filha Norma (Bianca Suárez). Ela possui problemas psicológicos causados pela morte da mãe, que teve o corpo inteiramente queimado após um acidente de carro e, ao ver sua imagem refletida na janela, se suicidou. O médico de Norma acredita que esteja na hora dela tentar a socialização com outras pessoas e, com isso, incentiva que Roberto a leve para sair. Pai e filha vão juntos a um casamento, onde ela conhece Vicente (Jan Cornet). Eles vão até o jardim da mansão, onde Vicente a estupra. A situação gera um grande trauma em Norma, que passa a acreditar que seu pai a violentou, já que foi ele quem a encontrou desacordada. A partir de então Roberto elabora um plano para se vingar do estuprador.

Primeiro quero dizer que detesto ver o filme legendado, pois não me deixa tempo para observar o todo do filme. No caso de Amodóvar é mais complicado ainda. Ele explora todos os planos com cores, espaços ampliados e, com o raio da legenda, não consigo prestar atenção aos detalhes que são da maior importância, em se tratando desse esteta.

Segundo, quero dizer que discordo em alguns aspectos dessa sinopse, por exemplo, a questão do estupro. Deixei porque a situação sugere isso. Mas as coisas não se dão exatamente assim. Não falo mais, senão vai perder a graça.

Minha opinião é que o filme centra um gênero de terror. Mas um terror diferente do que comumente aparece. As cenas se apresentam com uma assepsia hospitalar (não no sentido de bactéria, mas no sentido da quase ausência de sangue). O nível de violência é tão intenso que chega a ser inclassificável. Logo pensei em Walter Benjamin, o filósofo alemão, que se interessou pela questão do mutismo dos soldados que haviam voltado da guerra. O grau de terror, diante do vivido naquela situação, não é contemplado no plano da linguagem ou da compreensão racional do homem de modo geral, daí o mutismo que nada diz, mas que tudo diz ao mesmo tempo. O não expressado é denso, é tenso, beira o absurdo, a loucura na sua mais alta patologia, que, no entanto, é possível nos colocarmos no lugar do vilão e termos por ele pena ou até mesmo uma certa empatia.

A cena do aprisionamento, me fez lembrar do Mito da Caverna de Platão, em que o homem encontra-se acorrentado e circunscrito a um lugar que não conhece o que tem a sua volta. Só que ao invés de ele se preparar para conhecer a realidade do mundo externo, terá que desvelar dentro de si, um recôndito onde sua alma possa sobreviver.

Na cena final, existe um contraste entre o mundo material e o mundo humano impressionante. Ao passo que o mundo material é pujante, a expressão das personagens revela-se abatida, numa apatia visível em suas faces. É como se a vida dessas pessoas estivesse por um fio, e este fio se equilibra na tensão entre está se mantendo vivo fisicamente e estar quase que completamente morto internamente.

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