Não esperem coerência e coesão em meus textos. As ideias aqui expressadas por mim, se dispõem de modo prolixo, com sentido e articulação que só eu percebo ninguém mais. contudo, não descarto a possibilidade de que, eventualmente, alguns de vocês possam concordar ou discordar delas. Afirmo, portanto, que este blog é uma tentativa minha de organizar e saber a quantas andam meu confuso pesamento, muitas vezes irônico e tantas outras cáustico.

sábado, 7 de abril de 2012

A Mecânica das Borboletas

SINOPSE

É a história de dois irmãos gêmeos (Rômulo e Remo) que se separam na adolescência e se reencontram 20 anos depois, desestablilazando as certezas que cada um criou para si. Texto de Walter Daguerre. Direção de Paulo de Moraes.

Minha Opinião

No dia 04/03/2012, às 19:00, no Centro Cultural Banco do Brasil, assisti ao espetáculo "A Mecânica das Borboletas". O cenário era simples, muito apropriado para que o enfoque fosse dado a história que merece reflexão. Focava a questão da estagnação e tentativas de descobrir o sentido da vida de cada um de nós. Não foi um espetáculo espetaculoso. Foi um espetáculo introspectivo e, por vezes, mediado por uma comicidade sutil. Recomendo a peça. Para mim foi ótima.



Tantas coisas tinha a comentar, mas como demorei muito, não consigo lembrar com detalhes. Então vou partir de duas frases que durante o espetáculo eu (mesmo na penumbra) anotei em meus inseparáveis caderninhos (tenho um número expressivo deles. Quando partir para outra dimensão, darei trabalho para meu filho jogar todos eles no lixo. rsrsrs. É uma tentativa quase insignificante de ativar a memória cada vez mais fugaz).

Rômulo (Eriberto Leão) diz que durante todo o tempo em que esteve longe, nunca tirou a chave da porta da casa materna do bolso. Fiquei a pensar nessa afirnação e me passou pela cabeça que ela [a chave] esteve dentro do bolso dele para que soubesse para onde voltar ou para que se sentisse sempre em casa. E quantos de nós podemos ter o privilégio de retornar à casa? As vezes, podemos até voltar, mas para uma casa vazia e cheias de recordações boas ou más, isso vai depender de como foi o contexto de sua vida.

Rômulo teve a coragem de tentar viver, se arriscou, errou, mas conseguiu não ter o arrependimento de não ter tentado. Remo (Otto Júnior), ao contrário, teve medo, se fechou, recuou, negou a si mesmo o direito de atuar na vida. Lisa (Ana Kutner) foi namorada de Rômulo, mas quando este partiu, ela casou-se com o irmão Remo. Com o retorno de Rômulo, 20 anos depois, reabrem-se as feridas do ressentimento entre as personagens. 

Rômulo agora é um escritor com relativo sucesso. Remo matém o negócio do pai (uma oficina mecânica). No fundo, estagnou, perdeu a coragem de lutar por seus sonhos que ficaram no passado. Ele se ressente com o irmão porque não teve a mesma coragem dele, Entretanto, mantém ainda uma chamazinha acesa dentro da alma, na esperança de se aventurar no mundo com sua moto Harley Davidson que está reformando, porém, ainda falta uma peça. A mãe, diante de tanto sofrimento com o abandono do filho, cai num estado de desespero e que avança para um estado de demência quando seu marido morre. Cultiva o jardim como personificação do marido falecido, pois foi nele [o jardim] que ela jogou as cinzas dele. Portanto, cultiva é a memória do marido. A persongaem faz alusão a uma frase atribuida ao poeta Mário Quintana [digo atribuída porque não sei em qual texto ela se encontra]. Mas é uma frase retirada de um contexto maior: "O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você", mas não vou colocar ele aqui para não me desviar mais ainda, como é de meu costume. Lisa, por ter sido abandonada por Rômulo, acaba sendo de certa forma, carcereira de Remo. Pois sempre soube que ele começou a reconstruir a moto para viajar mundo a fora. Contudo, falta apenas uma peça: a borboleta do carburador para concluir sua obra prima e realizar seu grande sonho. Ela compra a peça, mas não entrega a ele, privando-o da liberdade tão sonhada. Por outro lado, não é bem assim, pois quando queremos algo, devemos batalhar até conseguir atingir nosso objetivo. Ambos se acomodaram, ela por medo de ficar só outra vez e ele por covardia. 

No fim, a história é um grande acerto de contas. E a mãe demente, conclui numa frase toda a reviravolta das vidas dessas personagens: "Estava morto e reviveu, estava perdido e se achou". Remo estava morto e reviveu ao decidir retomar sua vida e seus anseios. Rômulo que mesmo tendo sucesso estava perdido, se encontra ao retornar a sua cidade natal e à casa materna. Lisa, apoia o marido a realizar seu sonho e ao mesmo tempo realiza o seu que ja havia dado início. 

E tudo acaba bem. Todos vivem felizes para sempre, principalmente minha amiga, que ao término da peça, foi presenteada com um sorriso e um olhar delicioso do Eriberto, pois estavamos na primeira fila. Ela até esqueceu do choque [ela depois confessou isso] que foi ver a personagem de Lisa tirar a roupa numa cena. Lembrei, depois que ela contou, seu olhar ao redor dos espectadores para ver se eles estavam tão chocados quanto ela, foi um pouco cômico. 

Por fim, estou outra vez desanimada, o post ficou bem maior do que eu havia pensado. Mas o que se há de fazer, começo escrevendo, e acabo emendando um pensamento a outro e o texto vai se alongando. E só vou dar por encerrado porque tenho que fazer alguma coisa para comer. O estômago está reclamando muito. Assim, termino elogiando e recomendando mais uma vez o espetáculo, àqueles que lerem esse post. 

PONTO QUASE QUE FINAL, POIS SE EU LEMBRAR DE ALGO MAIS, ACRESCENTAREI, COMO FAÇO COM ALGUNS POST QUE JÁ PUBLIQUEI.

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